O Pai de Santa Terezinha
A biografia de Luís Martin, escrita por uma de suas filhas, Celina Martin, chamada por Irmã Genoveva da Santa Face, transcorre em suas linhas a profundidade de uma vida ordinariamente santa e fervorosa
É o retrato do amor que infunde nos religiosos ao entregar tudo por causa de Deus e o que move os mártires, ao não ter mais o que entregar, entregar a si mesmo.
Quem foi o Pai de Santa Terezinha?
Luís Martin destaca-se pelas numerosas virtudes, onde destaca-se a moralidade impecável e a piedade desejável.
Aspirava a vida religiosa, assim como aquela que ele viria a desposar após este discernimento. Entretanto, ao escolher Zélia Guérin como sua esposa, não desviou dos princípios que moveram sua juventude desde a mais tenra idade.
A vida da família Martin
Iam a missa em família todos os dias, levantava-se bem cedo, antes dos vizinhos acordarem e, por isso, eles os viam saindo algumas vezes e diziam entre si: ‘’são os santos esposos que vão à Missa.’’
Eram assim conhecidos pelo bairro em que habitavam e levavam uma vida simples e de muito trabalho.
Retrato moral do Pai de Santa Terezinha
Era corajoso e não poupava a si mesmo; antes assim, entregava-se com determinação.
Humilde e com forte espírito de mortificação, fazia exclamar sua amante esposa: ‘’que homem santo é o meu marido! Desejo um igual a todas as mulheres!’’
Educava suas filhas com zelo incomparável e não permitia aproximar-se de suas pequenas filhinhas nada que as pudesse perturbar a alma.
Era rigoroso com a vida de oração, leituras piedosas e principalmente com a modéstia mais completa. Não havia espaço ao ócio em sua casa, explorava os talentos a fim de desenvolver o necessário para os trabalhos exercidos.
A fé e a abnegação do Pai de Santa Terezinha
Foi uma referência de fé para sua família e todos ao redor. O venerável Pontífice Pio XII exclamou dizendo que sob os joelhos de Luís, Teresa compreendeu os tesouros que se encerram no coração de Nosso Senhor. Sua bondade espelhava a bondade do Pai Celeste.
Sua entrega como religioso e mártir não aconteceu como este santo desejara, entretanto, Nosso Senhor não deixou seus desejos sem serem ouvidos.
Entregou, primeiro, sua amada esposa à uma doença mortal. Com resignação e perfeita confiança em Deus, lutaram incessantemente para alcançar a cura, mas ainda assim, Zélia Martin veio a falecer.
Depois disso, Luís cuidou de suas cinco filhas sozinho e entregou uma a uma à vida religiosa.
Uma de suas filhas escreveu uma carta diretamente do Carmelo dizendo:
‘’meu incomparável pai, o que Celina nos conta é digno de ti! Que pai nós temos! Também não me admiro de que Nosso Senhor peça todas as filhas a este pai incomparável.
Ele é por demais caro a seu coração para que não seja alvo, ele e os seus, de um amor particular. Como nossa boa mãe deve sorrir-te lá do alto e se alegrar vendo que diriges tão bem sua barca querida para o Céu.
O melhor dos pais, quão responsáveis seremos se não nos tornarmos santas, se não seguirmos as pegadas de tua generosidade… Jesus há de retribuir-te, ao cêntuplo, o lírio apenas entre aberto, o lírio cheio de frescor e de pureza que lhe ofereces hoje.’’
A dolorosa entrega de Teresa
A oferta de sua filha mais nova, na joia de sua juventude, a rainhazinha, como era chamada por ele Teresinha, foi dolorosa.
Rendeu-lhe tantos méritos como obtivera Abraão pela oferta de seu filho. De fato, Luís poderia desejar que o anjo lhe pedisse para parar, mas foi até o final em seus sacrifícios.
A morte do Pai de Santa Terezinha
A descoberta da doença
Após ter ofertado tudo o que havia de melhor, Luís rezou ‘’Desejaria ainda ter alguma coisa de melhor para oferecer a Nosso Senhor’’ e Nosso Senhor ouviu: o que havia de melhor era ele mesmo.
Sua oferta a Deus deu-se através de uma das doenças mais humilhantes que os homens consideravam naquele tempo: a doença mental.
A debilitação começou como um tumor epitelial. Manifestou-se com um ataque de paralisia, falar embaraçado e pernas arrastadas. Em tudo, profundamente humilde e entregue à Providência, dizia às suas filhas ‘’não vos preocupeis comigo, pois sou amigo de Nosso Senhor.’’
Confiava no jugo do Senhor e este o enviava consolos, destaca-se o momento em que acompanhou sua rainhazinha, Teresa, à clausura. Foi como a entrada de Jesus em Jerusalém. Gloriosa.
A internação
Mas, voltou a adoecer severamente e tinha lapsos de consciência. Foi internado e confiado à Casa de Saúde de Caen. Reconheceu sua provação e a aceitou. Seus dias passaram e a doença avançava. Suas filhas desejavam tê-lo para cuidar pessoalmente, até que isso lhe foi concedido.
A morte
O dia do encontro chegou.
Na noite do dia 29 de julho, Luís teve uma crise fortíssima e, ao lado de sua filha Celina, expirou pela última vez e caminhou para o Céu tão belo e tão aspirado, desejado e buscado por essa família santa.
Os que viram seu corpo afirmavam: ‘’era a face de um santo que repousava.’’
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